quarta-feira, dezembro 20, 2006
azul
Então pintei de azul os meus sapatos por nao poder pintar de azul as ruas, depois vesti meus gestos insensatos e colorir as minhas mãos e as tuas
c. pena filho
sábado, dezembro 02, 2006
Poesia, um idioma da percepção
Carlos Alberto Coelho
"Mesmo no meio do nevoeiro, não é difícil constatar que também não sei fazer poesias."
Parto do princípio que poesia não é matéria resultante da arte ou ofício de se fazer, com um bolo, uma parede ou uma estrada. A rigor, entendo que ninguém inventa poesia.
Não se trata de uma mera questão de ir encaixando palavras ou garimpando rimas, tentando encontrar uma melhor composição, algo como compor uma melodia de sonoridade simpática.
Entendo que poesia mesmo é uma espécie de idioma, uma linguagem da percepção, uma certa fatia da capacidade sensitiva do indivíduo. Quem sabe até uma faculdade muito próxima da clarividência.
Escrever poesias é, portanto, dentro deste raciocínio, mergulhar em busca da melhor semelhança entre aquilo que é captado pelos sentidos e as palavras que melhor possam expressar-lhes. Escrever poesias é demonstrar a habilidade em expor este estado sublime de entendimento.
E quanto mais elevada esta capacidade de combinar os sinais captados e seus respectivos símbolos, através de uma linguagem acessível, mais apropriado será o trabalho poético e melhor será compreendida a intenção de seu autor.
No meio da confusão, do burburinho, da falta de clareza e precisão, até surgem aqueles que, juntando meia dúzias de palavras, chamam a luz para si, falam alto, gesticulam e citam fragmentos literários e acabam sendo confundidos com poetas, mas, do alto da colina, por sobre o nevoeiro, a alma do verdadeiro poeta sorri com complacência e experimenta o exercício da tolerância.
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O
Carlos Alberto Coelho
"Mesmo no meio do nevoeiro, não é difícil constatar que também não sei fazer poesias."
Parto do princípio que poesia não é matéria resultante da arte ou ofício de se fazer, com um bolo, uma parede ou uma estrada. A rigor, entendo que ninguém inventa poesia.
Não se trata de uma mera questão de ir encaixando palavras ou garimpando rimas, tentando encontrar uma melhor composição, algo como compor uma melodia de sonoridade simpática.
Entendo que poesia mesmo é uma espécie de idioma, uma linguagem da percepção, uma certa fatia da capacidade sensitiva do indivíduo. Quem sabe até uma faculdade muito próxima da clarividência.
Escrever poesias é, portanto, dentro deste raciocínio, mergulhar em busca da melhor semelhança entre aquilo que é captado pelos sentidos e as palavras que melhor possam expressar-lhes. Escrever poesias é demonstrar a habilidade em expor este estado sublime de entendimento.
E quanto mais elevada esta capacidade de combinar os sinais captados e seus respectivos símbolos, através de uma linguagem acessível, mais apropriado será o trabalho poético e melhor será compreendida a intenção de seu autor.
No meio da confusão, do burburinho, da falta de clareza e precisão, até surgem aqueles que, juntando meia dúzias de palavras, chamam a luz para si, falam alto, gesticulam e citam fragmentos literários e acabam sendo confundidos com poetas, mas, do alto da colina, por sobre o nevoeiro, a alma do verdadeiro poeta sorri com complacência e experimenta o exercício da tolerância.
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O
o q ue é a p o e s i a?
Poesia, um idioma da percepção
Carlos Alberto Coelho
"Mesmo no meio do nevoeiro, não é difícil constatar que também não sei fazer poesias."
Parto do princípio que poesia não é matéria resultante da arte ou ofício de se fazer, com um bolo, uma parede ou uma estrada. A rigor, entendo que ninguém inventa poesia.
Não se trata de uma mera questão de ir encaixando palavras ou garimpando rimas, tentando encontrar uma melhor composição, algo como compor uma melodia de sonoridade simpática.
Entendo que poesia mesmo é uma espécie de idioma, uma linguagem da percepção, uma certa fatia da capacidade sensitiva do indivíduo. Quem sabe até uma faculdade muito próxima da clarividência.
Escrever poesias é, portanto, dentro deste raciocínio, mergulhar em busca da melhor semelhança entre aquilo que é captado pelos sentidos e as palavras que melhor possam expressar-lhes. Escrever poesias é demonstrar a habilidade em expor este estado sublime de entendimento.
E quanto mais elevada esta capacidade de combinar os sinais captados e seus respectivos símbolos, através de uma linguagem acessível, mais apropriado será o trabalho poético e melhor será compreendida a intenção de seu autor.
No meio da confusão, do burburinho, da falta de clareza e precisão, até surgem aqueles que, juntando meia dúzias de palavras, chamam a luz para si, falam alto, gesticulam e citam fragmentos literários e acabam sendo confundidos com poetas, mas, do alto da colina, por sobre o nevoeiro, a alma do verdadeiro poeta sorri com complacência e experimenta o exercício da tolerância.
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O
Carlos Alberto Coelho
"Mesmo no meio do nevoeiro, não é difícil constatar que também não sei fazer poesias."
Parto do princípio que poesia não é matéria resultante da arte ou ofício de se fazer, com um bolo, uma parede ou uma estrada. A rigor, entendo que ninguém inventa poesia.
Não se trata de uma mera questão de ir encaixando palavras ou garimpando rimas, tentando encontrar uma melhor composição, algo como compor uma melodia de sonoridade simpática.
Entendo que poesia mesmo é uma espécie de idioma, uma linguagem da percepção, uma certa fatia da capacidade sensitiva do indivíduo. Quem sabe até uma faculdade muito próxima da clarividência.
Escrever poesias é, portanto, dentro deste raciocínio, mergulhar em busca da melhor semelhança entre aquilo que é captado pelos sentidos e as palavras que melhor possam expressar-lhes. Escrever poesias é demonstrar a habilidade em expor este estado sublime de entendimento.
E quanto mais elevada esta capacidade de combinar os sinais captados e seus respectivos símbolos, através de uma linguagem acessível, mais apropriado será o trabalho poético e melhor será compreendida a intenção de seu autor.
No meio da confusão, do burburinho, da falta de clareza e precisão, até surgem aqueles que, juntando meia dúzias de palavras, chamam a luz para si, falam alto, gesticulam e citam fragmentos literários e acabam sendo confundidos com poetas, mas, do alto da colina, por sobre o nevoeiro, a alma do verdadeiro poeta sorri com complacência e experimenta o exercício da tolerância.
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O
o que é poesia?
Poesia, um idioma da percepção
Carlos Alberto Coelho
"Mesmo no meio do nevoeiro, não é difícil constatar que também não sei fazer poesias."
Parto do princípio que poesia não é matéria resultante da arte ou ofício de se fazer, com um bolo, uma parede ou uma estrada. A rigor, entendo que ninguém inventa poesia.
Não se trata de uma mera questão de ir encaixando palavras ou garimpando rimas, tentando encontrar uma melhor composição, algo como compor uma melodia de sonoridade simpática.
Entendo que poesia mesmo é uma espécie de idioma, uma linguagem da percepção, uma certa fatia da capacidade sensitiva do indivíduo. Quem sabe até uma faculdade muito próxima da clarividência.
Escrever poesias é, portanto, dentro deste raciocínio, mergulhar em busca da melhor semelhança entre aquilo que é captado pelos sentidos e as palavras que melhor possam expressar-lhes. Escrever poesias é demonstrar a habilidade em expor este estado sublime de entendimento.
E quanto mais elevada esta capacidade de combinar os sinais captados e seus respectivos símbolos, através de uma linguagem acessível, mais apropriado será o trabalho poético e melhor será compreendida a intenção de seu autor.
No meio da confusão, do burburinho, da falta de clareza e precisão, até surgem aqueles que, juntando meia dúzias de palavras, chamam a luz para si, falam alto, gesticulam e citam fragmentos literários e acabam sendo confundidos com poetas, mas, do alto da colina, por sobre o nevoeiro, a alma do verdadeiro poeta sorri com complacência e experimenta o exercício da tolerância.
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O
Carlos Alberto Coelho
"Mesmo no meio do nevoeiro, não é difícil constatar que também não sei fazer poesias."
Parto do princípio que poesia não é matéria resultante da arte ou ofício de se fazer, com um bolo, uma parede ou uma estrada. A rigor, entendo que ninguém inventa poesia.
Não se trata de uma mera questão de ir encaixando palavras ou garimpando rimas, tentando encontrar uma melhor composição, algo como compor uma melodia de sonoridade simpática.
Entendo que poesia mesmo é uma espécie de idioma, uma linguagem da percepção, uma certa fatia da capacidade sensitiva do indivíduo. Quem sabe até uma faculdade muito próxima da clarividência.
Escrever poesias é, portanto, dentro deste raciocínio, mergulhar em busca da melhor semelhança entre aquilo que é captado pelos sentidos e as palavras que melhor possam expressar-lhes. Escrever poesias é demonstrar a habilidade em expor este estado sublime de entendimento.
E quanto mais elevada esta capacidade de combinar os sinais captados e seus respectivos símbolos, através de uma linguagem acessível, mais apropriado será o trabalho poético e melhor será compreendida a intenção de seu autor.
No meio da confusão, do burburinho, da falta de clareza e precisão, até surgem aqueles que, juntando meia dúzias de palavras, chamam a luz para si, falam alto, gesticulam e citam fragmentos literários e acabam sendo confundidos com poetas, mas, do alto da colina, por sobre o nevoeiro, a alma do verdadeiro poeta sorri com complacência e experimenta o exercício da tolerância.
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O
natalia correia
A Defesa do Poeta
Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim
Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei
Senhores professores que puseste
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além
Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs na ordem ?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem ?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho !
a poesia é para comer.
*
FALAVAM-ME DE AMOR
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia
O Dilúvio e a Pomba
Lisboa, Publicações D. Quixote, 1979
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Natália Correia
Natália Correia nasceu a 13 de Setembro de 1923 na Ilha de São Miguel, nos Açores. Veio estudar para Lisboa ainda criança e cedo iniciou a sua actividade literária. Poetisa, ficcionista, ensaísta, tradutora, dividiu a sua criatividade pelo teatro e pela investigação literária.
Empenhada politicamente, viu vários dos seus livros serem apreendidos pela censura, chegando a ser condenada a três anos de prisão com pena suspensa, acusada de abuso de liberdade de imprensa.
Morreu em Lisboa a 16 de Março de 1993.
A sua vasta obra poética encontra-se reunida em Poesia Completa: O Sol nas Noites e o Luar nos Dias, 1993. Natália Correia é ainda autora de obras como A Ilha de Circe (ficção), 1983; Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (teatro), 1981; Uma Estátua para Herodes (ensaio), 1974.
Ouça alguns poemas seleccionados de Natália Correia-Poesia Completa e leia Soneto de Abril, que demonstra o empenhamento político da poetisa.
Pode ainda ler uma recensão sobre o Auto da Feiticeira Cotovia.
Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim
Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei
Senhores professores que puseste
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além
Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs na ordem ?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem ?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho !
a poesia é para comer.
*
FALAVAM-ME DE AMOR
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia
O Dilúvio e a Pomba
Lisboa, Publicações D. Quixote, 1979
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Natália Correia
Natália Correia nasceu a 13 de Setembro de 1923 na Ilha de São Miguel, nos Açores. Veio estudar para Lisboa ainda criança e cedo iniciou a sua actividade literária. Poetisa, ficcionista, ensaísta, tradutora, dividiu a sua criatividade pelo teatro e pela investigação literária.
Empenhada politicamente, viu vários dos seus livros serem apreendidos pela censura, chegando a ser condenada a três anos de prisão com pena suspensa, acusada de abuso de liberdade de imprensa.
Morreu em Lisboa a 16 de Março de 1993.
A sua vasta obra poética encontra-se reunida em Poesia Completa: O Sol nas Noites e o Luar nos Dias, 1993. Natália Correia é ainda autora de obras como A Ilha de Circe (ficção), 1983; Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (teatro), 1981; Uma Estátua para Herodes (ensaio), 1974.
Ouça alguns poemas seleccionados de Natália Correia-Poesia Completa e leia Soneto de Abril, que demonstra o empenhamento político da poetisa.
Pode ainda ler uma recensão sobre o Auto da Feiticeira Cotovia.
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