sexta-feira, dezembro 28, 2012

PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE

PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE: A cidade caminha com os homens, como as pedras com o vento, como o sistema de planetas. Recife, como dizia meu amigo Orlei Mesquita,p...

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PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE: A cidade caminha com os homens, como as pedras com o vento, como o sistema de planetas. Recife, como dizia meu amigo Orlei Mesquita,p...

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Crônica de Vinicius a Rubem Braga

Entre as lágrimas do tempo. Digam-lhe que os tempos estão duros Falta água, falta carne, falta às vezes o ar: há uma angústia Mas fora isso vai-se vivendo. Digam-lhe que é verão no Rio E apesar de hoje estar chovendo, amanhã certamente o céu se abrirá de azul Sobre as meninas de maiô. Digam-lhe que Cachoeiro continua no mapa E há meninas de maiô, altas e baixas, louras e morochas E mesmo negras, muito engraçadinhas. Digam-lhe, entretanto Que a falta de dignidade é considerável, e as perspectivas pobres Mas sempre há algumas, poucas. Tirante isso, vai tudo bem No Vermelhinho. Digam-lhe que a menina da Caixa Continua impassível, mas Caloca acha que ela está melhorando Digam-lhe que o Ceschiatti continua tomando chope, e eu também Malgrado uma avitaminose B e o fígado ligeiramente inchado. Digam-lhe que o tédio às vezes é mortal; respira-se com a mais extrema Dificuldade; bate-se, e ninguém responde. Sem embargo Digam-lhe que as mulheres continuam passando no alto de seus saltos, e a moda das saias curtas E das mangas japonesas dão-lhes um novo interesse: ficam muito provocantes. O diabo é de manhã, quando se sai para o trabalho, dá uma tristeza, a rotina: para a tarde melhora. Oh, digam a ele, digam a ele, a meu amigo Rubem Braga Correspondente de guerra, 250 FEB, atualmente em algum lugar da Itália Que ainda há auroras apesar de tudo, e o esporro das cigarras Na claridade matinal. Digam-lhe que o mar no Leblon Porquanto se encontre eventualmente cocô boiando, devido aos despejos Continua a lavar todos os males. Digam-lhe, aliás Que há cocô boiando por aí tudo, mas que em não havendo marola A gente se agüenta. Digam-lhe que escrevi uma carta terna Contra os escritores mineiros: ele ia gostar. Digam-lhe Que outro dia vi Elza-Simpatia-é-quase-Amor. Foi para os Estados Unidos E riu muito de eu lhe dizer que ela ia fazer falta à paisagem carioca Seu riso me deu vontade de beber: a tarde Ficou tensa e luminosa. Digam-lhe que outro dia, na Rua Larga Vi um menino em coma de fome (coma de fome soa esquisito, parece Que havendo coma não devia haver fome: mas havia). Mas em compensação estive depois com o Aníbal Que embora não dê para alimentar ninguém, é um amigo. Digam-lhe que o Carlos Drummond tem escrito ótimos poemas, mas eu larguei o Suplemento. Digam-lhe que está com cara de que vai haver muita miséria-de-fim-de-ano Há, de um modo geral, uma acentuada tendência para se beber e uma ânsia Nas pessoas de se estrafegarem. Digam-lhe que o Compadre está na insulina Mas que a Comadre está linda. Digam-lhe que de quando em vez o Miranda passa E ri com ar de astúcia. Digam-lhe, oh, não se esqueçam de dizer A meu amigo Rubem Braga, que comi camarões no Antero Ovas na Cabaça e vatapá na Furna, e que tomei plenty coquinho Digam-lhe também que o Werneck prossegue enamorado, está no tempo De caju e abacaxi, e nas ruas Já se perfumam os jasmineiros. Digam-lhe que têm havido Poucos crimes passionais em proporção ao grande número de paixões À solta. Digam-lhe especialmente Do azul da tarde carioca, recortado Entre o Ministério da Educação e a ABI. Não creio que haja igual Mesmo em Capri. Digam-lhe porém que muito o invejamos Tati e eu, e as saudades são grandes, e eu seria muito feliz De poder estar um pouco a seu lado, fardado de segundo-sargento. Oh Digam a meu amigo Rubem Braga Que às vezes me sinto calhorda mas reajo, tenho tido meus maus momentos Mas reajo. Digam-lhe que continuo aquele modesto lutador Porém batata. Que estou perfeitamente esclarecido E é bem capaz de nos revermos na Europa. Digam-lhe, discretamente, Que isso seria uma alegria boa demais: que se ele Não mandar buscar Zorinha e Roberto antes, que certamente Os levaremos conosco, que quero muito Vê-lo em Paris, em Roma, em Bucareste. Digam, oh digam A meu amigo Rubem Braga que é pena estar chovendo aqui Neste dia tão cheio de memórias. Mas Que beberemos à sua saúde, e ele há de estar entre nós O bravo Capitão Braga, seguramente o maior cronista do Brasil Grave em seu gorro de campanha, suas sobrancelhas e seu bigode circunflexos Terno em seus olhos de pescador de fundo Feroz em seu focinho de lobo solitário Delicado em suas mãos e no seu modo de falar ao telefone E brindaremos à sua figura, à sua poesia única, à sua revolta, e ao seu cavalheirismo Para que lá, entre as velhas paredes renascentes e os doces montes cônicos de feno Lá onde a cobra está fumando o seu moderado cigarro brasileiro Ele seja feliz também, e forte, e se lembre com saudades Do Rio, de nós todos e ai! de mim. Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim, ES, 1913 - Rio de Janeiro, RJ, 1990) foi jornalista e escritor. Clarice Lispector certa vez o definiu como "o inventor da crônica", gênero no qual ele foi um mestre absoluto. Seu primeiro livro, O Conde e o Passarinho, foi publicado em 1936. Como jornalista, exerceu as funções de repórter, redator, editorialista e cronista em jornais e revistas do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, quando escreveu o livro Com a FEB na Itália (1945). Fundou com Fernando Sabino e Otto Lara Resende, em 1968, a célebre editora Sabiá. Grande amigo de Vinicius de Moraes, Rubem Braga escreveu a orelha da primeira edição de sua Antologia poética (Rio de Janeiro: A Noite, 1954).* *O texto de R. B. encontra-se integralmente transcrito na nota da Antologia.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

A ....Astancia Ancoura CE

ROSANA ">
Pegou-me de cheio homem As bandas de tuas mãos, como se fora pedaço de troço viscoso, ardente e de cheiro de medos, coisa grande maior que a palma de teus olhos, Pensos, pendidos que não sabem, nem decidem. Pra quê? Penduro-me teso nos teus algodoais escondidos Mas vejo-os tecidos como linho, cambraia que me envolvem Vinhas tu com os panos de peixes antigos, cheiros de sargaços, garoupas robustas, cavalas olhudas rasgando e tecendo Tecidos de pedra, tramado com forças de mares. Olhei teu olhos homem roubalo como se tu fora argola, Dístico antigo de navios, caravelas afoitas, e de casco lodoso De minhas mãos nasciam facas, viscosas, punhais de brilho Afiadas por tua língua a cerzir meu corpo. Eu te desejo homem caravela, água viva que me salva deste lodo não iodado. Quero tuas mãos como angu em fome de de noites longas. Eu te amo homem, que não chefia minhas angústias, mas me das outras E te-las é viver um bardo de violas cantando fados E finco-em aos teu olhos- bocas de abalo Como touceira nova, dirigida pelo teus sois. Eu te amo homem, pelo que de nada em nada se tece o vento o ar E por acaso respiro um ....troço amoitado acoitado.

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Corpo Antero Lara BA

A lucidez é um corpo paralítico: Muitos sentidos Nenhuma saída.

Fios Antero Lara Ba

Sondas, fios, agulhas A carne – esgarçada Nos humores, purgação Dissabores remoídos Migalhas...resíduos...

Nada Antevo Lara BA

No retrato antigo Olhos refratam a dor Da alegria eterna

Haikai de amor perdido- Antevo Lara BA

Mesa posta para o jantar: Duas cadeiras, Um prato só. Antonio Laranjeira

Astancia Ancoura CE

Atira.. atira.. não podes, és indeciso? Não, não és. Ja atirastes. Cai sobre ti e teus ventos e marés que me cobrem e ja me cobriram como cachorra agora sou bicho morto, Mas meus olhos são de peixe nao fecham

Neu Astancia Neuco PB

Esse copo, essa tarja, esse pano Esse esse, Eu não ouvi o teu olho nao sei... ...disse o pano vôte, que isso ou me pega ou me larga, ao menos se limpa neu..

Roda Viva | José Saramago | 13/10/2003 para não esquecermos

um pensador, um alucinado,como todo grande escritor e que questiona o próprio instrumento que se vale para ser JOSÉ SARAMAGO.Um ensaista da ...