sábado, junho 22, 2013

O tempo Paulovas

Meu pai tinha razão os marcadores- do tempo- não são de papel, pena ou pétalas, são tua pele na tua tessitura desvalida

Palavra Muda Paulovas

A palavra é inerte não ouve nao vê cega como surdos e mudos, longínqua e desvalida. Os assoletrantes, como disse a poeta, são crueldade
O Poema I Esclarecendo que o poema é um duelo agudíssimo quero eu dizer um dedo agudíssimo claro apontado ao coração do homem falo com uma agulha de sangue a coser-me todo o corpo à garganta e a esta terra imóvel onde já a minha sombra é um traço de alarme II Piso do poema chão de areia Digo na maneira mais crua e mais intensa de medir o poema pela medida inteira o poema em milímetro de madeira ou apodrece o poema ou se alteia ou se despedaça a mão ateia ou cinco seis astros se percorre antes que o deserto mate a fome ................................................................................................. Luiza Neto Jorge Terra Imóvel Poesia organização e prefácio de Fernando Cabral Martins Assírio & Alvim 2ª edição 2001
A Casa do Mundo Aquilo que às vezes parece um sinal no rosto é a casa do mundo é um armário poderoso com tecidos sanguíneos guardados e a sua tribo de portas sensíveis. Cheira a teias eróticas. Arca delirante arca sobre o cheiro a mar de amar. Mar fresco. Muros romanos. Toda a música. O corredor lembra uma corda suspensa entre os Pirinéus, as janelas entre faces gregas. Janelas que cheiram ao ar de fora à núpcia do ar com a casa ardente. Luzindo cheguei à porta. Interrompo os objetos de família, atiro-lhes a porta. Acendo os interruptores, acendo a interrupção, as novas paisagens têm cabeça, a luz é uma pintura clara, mais claramente lembro: uma porta, um armário, aquela casa. Um espelho verde de face oval é que parece uma lata de conservas dilatada com um tubarão a revirar-se no estômago no fígado, nos rins, nos tecidos sangúíneos. É a casa do mundo: desaparece em seguida. Luiza Neto Jorge O seu a seu tempo Poesia organização e prefácio de Fernando Cabral Martins Assírio & Alvim 2ª edição 2001

Roda Viva | José Saramago | 13/10/2003 para não esquecermos

um pensador, um alucinado,como todo grande escritor e que questiona o próprio instrumento que se vale para ser JOSÉ SARAMAGO.Um ensaista da ...