domingo, dezembro 30, 2012
sexta-feira, dezembro 28, 2012
PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE
PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE: A cidade caminha com os homens, como as pedras com o vento, como o sistema de planetas. Recife, como dizia meu amigo Orlei Mesquita,p...
PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE
PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE: A cidade caminha com os homens, como as pedras com o vento, como o sistema de planetas. Recife, como dizia meu amigo Orlei Mesquita,p...
quarta-feira, dezembro 19, 2012
Crônica de Vinicius a Rubem Braga
Entre as lágrimas do tempo. Digam-lhe que os tempos estão duros
Falta água, falta carne, falta às vezes o ar: há uma angústia
Mas fora isso vai-se vivendo. Digam-lhe que é verão no Rio
E apesar de hoje estar chovendo, amanhã certamente o céu se abrirá de azul
Sobre as meninas de maiô. Digam-lhe que Cachoeiro continua no mapa
E há meninas de maiô, altas e baixas, louras e morochas
E mesmo negras, muito engraçadinhas. Digam-lhe, entretanto
Que a falta de dignidade é considerável, e as perspectivas pobres
Mas sempre há algumas, poucas. Tirante isso, vai tudo bem
No Vermelhinho. Digam-lhe que a menina da Caixa
Continua impassível, mas Caloca acha que ela está melhorando
Digam-lhe que o Ceschiatti continua tomando chope, e eu também Malgrado uma avitaminose B e o fígado ligeiramente inchado.
Digam-lhe que o tédio às vezes é mortal; respira-se com a mais extrema
Dificuldade; bate-se, e ninguém responde. Sem embargo
Digam-lhe que as mulheres continuam passando no alto de seus saltos, e a moda das saias curtas
E das mangas japonesas dão-lhes um novo interesse: ficam muito provocantes.
O diabo é de manhã, quando se sai para o trabalho, dá uma tristeza, a rotina: para a tarde melhora.
Oh, digam a ele, digam a ele, a meu amigo Rubem Braga
Correspondente de guerra, 250 FEB, atualmente em algum lugar da Itália
Que ainda há auroras apesar de tudo, e o esporro das cigarras
Na claridade matinal. Digam-lhe que o mar no Leblon
Porquanto se encontre eventualmente cocô boiando, devido aos despejos
Continua a lavar todos os males. Digam-lhe, aliás
Que há cocô boiando por aí tudo, mas que em não havendo marola
A gente se agüenta. Digam-lhe que escrevi uma carta terna
Contra os escritores mineiros: ele ia gostar. Digam-lhe
Que outro dia vi Elza-Simpatia-é-quase-Amor. Foi para os Estados Unidos
E riu muito de eu lhe dizer que ela ia fazer falta à paisagem carioca
Seu riso me deu vontade de beber: a tarde
Ficou tensa e luminosa. Digam-lhe que outro dia, na Rua Larga
Vi um menino em coma de fome (coma de fome soa esquisito, parece
Que havendo coma não devia haver fome: mas havia).
Mas em compensação estive depois com o Aníbal
Que embora não dê para alimentar ninguém, é um amigo. Digam-lhe que o Carlos
Drummond tem escrito ótimos poemas, mas eu larguei o Suplemento. Digam-lhe que está com cara de que vai haver muita miséria-de-fim-de-ano
Há, de um modo geral, uma acentuada tendência para se beber e uma ânsia
Nas pessoas de se estrafegarem. Digam-lhe que o Compadre está na insulina
Mas que a Comadre está linda. Digam-lhe que de quando em vez o Miranda passa
E ri com ar de astúcia. Digam-lhe, oh, não se esqueçam de dizer
A meu amigo Rubem Braga, que comi camarões no Antero
Ovas na Cabaça e vatapá na Furna, e que tomei plenty coquinho
Digam-lhe também que o Werneck prossegue enamorado, está no tempo
De caju e abacaxi, e nas ruas
Já se perfumam os jasmineiros. Digam-lhe que têm havido
Poucos crimes passionais em proporção ao grande número de paixões
À solta. Digam-lhe especialmente
Do azul da tarde carioca, recortado
Entre o Ministério da Educação e a ABI. Não creio que haja igual
Mesmo em Capri. Digam-lhe porém que muito o invejamos
Tati e eu, e as saudades são grandes, e eu seria muito feliz
De poder estar um pouco a seu lado, fardado de segundo-sargento. Oh
Digam a meu amigo Rubem Braga
Que às vezes me sinto calhorda mas reajo, tenho tido meus maus momentos
Mas reajo. Digam-lhe que continuo aquele modesto lutador
Porém batata. Que estou perfeitamente esclarecido
E é bem capaz de nos revermos na Europa. Digam-lhe, discretamente,
Que isso seria uma alegria boa demais: que se ele
Não mandar buscar Zorinha e Roberto antes, que certamente
Os levaremos conosco, que quero muito
Vê-lo em Paris, em Roma, em Bucareste. Digam, oh digam
A meu amigo Rubem Braga que é pena estar chovendo aqui
Neste dia tão cheio de memórias. Mas
Que beberemos à sua saúde, e ele há de estar entre nós
O bravo Capitão Braga, seguramente o maior cronista do Brasil
Grave em seu gorro de campanha, suas sobrancelhas e seu bigode circunflexos
Terno em seus olhos de pescador de fundo
Feroz em seu focinho de lobo solitário
Delicado em suas mãos e no seu modo de falar ao telefone
E brindaremos à sua figura, à sua poesia única, à sua revolta, e ao seu cavalheirismo
Para que lá, entre as velhas paredes renascentes e os doces montes cônicos de feno
Lá onde a cobra está fumando o seu moderado cigarro brasileiro
Ele seja feliz também, e forte, e se lembre com saudades
Do Rio, de nós todos e ai! de mim.
Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim, ES, 1913 - Rio de Janeiro, RJ, 1990) foi jornalista e escritor. Clarice Lispector certa vez o definiu como "o inventor da crônica", gênero no qual ele foi um mestre absoluto. Seu primeiro livro, O Conde e o Passarinho, foi publicado em 1936. Como jornalista, exerceu as funções de repórter, redator, editorialista e cronista em jornais e revistas do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, quando escreveu o livro Com a FEB na Itália (1945). Fundou com Fernando Sabino e Otto Lara Resende, em 1968, a célebre editora Sabiá.
Grande amigo de Vinicius de Moraes, Rubem Braga escreveu a orelha da primeira edição de sua Antologia poética (Rio de Janeiro: A Noite, 1954).*
*O texto de R. B. encontra-se integralmente transcrito na nota da Antologia.
quarta-feira, dezembro 05, 2012
A ....Astancia Ancoura CE
ROSANA ">
Pegou-me de cheio homem
As bandas de tuas mãos, como se fora
pedaço de troço viscoso,
ardente e de cheiro de medos,
coisa grande maior que a palma de teus olhos,
Pensos, pendidos que não sabem, nem decidem.
Pra quê?
Penduro-me teso nos teus algodoais escondidos
Mas vejo-os tecidos como linho, cambraia que me envolvem
Vinhas tu com os panos de peixes antigos, cheiros de sargaços, garoupas robustas, cavalas olhudas rasgando e tecendo
Tecidos de pedra, tramado com forças de mares.
Olhei teu olhos homem roubalo como se tu fora argola,
Dístico antigo de navios, caravelas afoitas, e de casco lodoso
De minhas mãos nasciam facas, viscosas, punhais de brilho
Afiadas por tua língua a cerzir meu corpo.
Eu te desejo homem caravela, água viva que me salva deste lodo não iodado.
Quero tuas mãos como angu em fome de de noites longas.
Eu te amo homem, que não chefia minhas angústias, mas me das outras
E te-las é viver um bardo de violas cantando fados
E finco-em aos teu olhos- bocas de abalo
Como touceira nova, dirigida pelo teus sois.
Eu te amo homem, pelo que de nada em nada se tece o vento o ar
E por acaso respiro um ....troço amoitado acoitado.
Pegou-me de cheio homem
As bandas de tuas mãos, como se fora
pedaço de troço viscoso,
ardente e de cheiro de medos,
coisa grande maior que a palma de teus olhos,
Pensos, pendidos que não sabem, nem decidem.
Pra quê?
Penduro-me teso nos teus algodoais escondidos
Mas vejo-os tecidos como linho, cambraia que me envolvem
Vinhas tu com os panos de peixes antigos, cheiros de sargaços, garoupas robustas, cavalas olhudas rasgando e tecendo
Tecidos de pedra, tramado com forças de mares.
Olhei teu olhos homem roubalo como se tu fora argola,
Dístico antigo de navios, caravelas afoitas, e de casco lodoso
De minhas mãos nasciam facas, viscosas, punhais de brilho
Afiadas por tua língua a cerzir meu corpo.
Eu te desejo homem caravela, água viva que me salva deste lodo não iodado.
Quero tuas mãos como angu em fome de de noites longas.
Eu te amo homem, que não chefia minhas angústias, mas me das outras
E te-las é viver um bardo de violas cantando fados
E finco-em aos teu olhos- bocas de abalo
Como touceira nova, dirigida pelo teus sois.
Eu te amo homem, pelo que de nada em nada se tece o vento o ar
E por acaso respiro um ....troço amoitado acoitado.
segunda-feira, dezembro 03, 2012
Fios Antero Lara Ba
Sondas, fios, agulhas
A carne – esgarçada
Nos humores, purgação
Dissabores remoídos
Migalhas...resíduos...
Haikai de amor perdido- Antevo Lara BA
Mesa posta para o jantar:
Duas cadeiras,
Um prato só.
Antonio Laranjeira
Astancia Ancoura CE
Atira..
atira..
não podes, és indeciso?
Não, não és.
Ja atirastes.
Cai sobre ti e teus ventos e marés que me cobrem e ja me cobriram como cachorra
agora sou bicho morto,
Mas meus olhos são de peixe nao fecham
Neu Astancia Neuco PB
Esse copo, essa tarja, esse pano
Esse esse,
Eu não ouvi o teu olho
nao sei...
...disse o pano vôte, que isso
ou me pega ou me larga, ao menos se limpa neu..
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