sexta-feira, dezembro 28, 2012

PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE

PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE: A cidade caminha com os homens, como as pedras com o vento, como o sistema de planetas. Recife, como dizia meu amigo Orlei Mesquita,p...

PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE

PÁGINA 21... ANO V: Em RECIFE: A cidade caminha com os homens, como as pedras com o vento, como o sistema de planetas. Recife, como dizia meu amigo Orlei Mesquita,p...

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Crônica de Vinicius a Rubem Braga

Entre as lágrimas do tempo. Digam-lhe que os tempos estão duros Falta água, falta carne, falta às vezes o ar: há uma angústia Mas fora isso vai-se vivendo. Digam-lhe que é verão no Rio E apesar de hoje estar chovendo, amanhã certamente o céu se abrirá de azul Sobre as meninas de maiô. Digam-lhe que Cachoeiro continua no mapa E há meninas de maiô, altas e baixas, louras e morochas E mesmo negras, muito engraçadinhas. Digam-lhe, entretanto Que a falta de dignidade é considerável, e as perspectivas pobres Mas sempre há algumas, poucas. Tirante isso, vai tudo bem No Vermelhinho. Digam-lhe que a menina da Caixa Continua impassível, mas Caloca acha que ela está melhorando Digam-lhe que o Ceschiatti continua tomando chope, e eu também Malgrado uma avitaminose B e o fígado ligeiramente inchado. Digam-lhe que o tédio às vezes é mortal; respira-se com a mais extrema Dificuldade; bate-se, e ninguém responde. Sem embargo Digam-lhe que as mulheres continuam passando no alto de seus saltos, e a moda das saias curtas E das mangas japonesas dão-lhes um novo interesse: ficam muito provocantes. O diabo é de manhã, quando se sai para o trabalho, dá uma tristeza, a rotina: para a tarde melhora. Oh, digam a ele, digam a ele, a meu amigo Rubem Braga Correspondente de guerra, 250 FEB, atualmente em algum lugar da Itália Que ainda há auroras apesar de tudo, e o esporro das cigarras Na claridade matinal. Digam-lhe que o mar no Leblon Porquanto se encontre eventualmente cocô boiando, devido aos despejos Continua a lavar todos os males. Digam-lhe, aliás Que há cocô boiando por aí tudo, mas que em não havendo marola A gente se agüenta. Digam-lhe que escrevi uma carta terna Contra os escritores mineiros: ele ia gostar. Digam-lhe Que outro dia vi Elza-Simpatia-é-quase-Amor. Foi para os Estados Unidos E riu muito de eu lhe dizer que ela ia fazer falta à paisagem carioca Seu riso me deu vontade de beber: a tarde Ficou tensa e luminosa. Digam-lhe que outro dia, na Rua Larga Vi um menino em coma de fome (coma de fome soa esquisito, parece Que havendo coma não devia haver fome: mas havia). Mas em compensação estive depois com o Aníbal Que embora não dê para alimentar ninguém, é um amigo. Digam-lhe que o Carlos Drummond tem escrito ótimos poemas, mas eu larguei o Suplemento. Digam-lhe que está com cara de que vai haver muita miséria-de-fim-de-ano Há, de um modo geral, uma acentuada tendência para se beber e uma ânsia Nas pessoas de se estrafegarem. Digam-lhe que o Compadre está na insulina Mas que a Comadre está linda. Digam-lhe que de quando em vez o Miranda passa E ri com ar de astúcia. Digam-lhe, oh, não se esqueçam de dizer A meu amigo Rubem Braga, que comi camarões no Antero Ovas na Cabaça e vatapá na Furna, e que tomei plenty coquinho Digam-lhe também que o Werneck prossegue enamorado, está no tempo De caju e abacaxi, e nas ruas Já se perfumam os jasmineiros. Digam-lhe que têm havido Poucos crimes passionais em proporção ao grande número de paixões À solta. Digam-lhe especialmente Do azul da tarde carioca, recortado Entre o Ministério da Educação e a ABI. Não creio que haja igual Mesmo em Capri. Digam-lhe porém que muito o invejamos Tati e eu, e as saudades são grandes, e eu seria muito feliz De poder estar um pouco a seu lado, fardado de segundo-sargento. Oh Digam a meu amigo Rubem Braga Que às vezes me sinto calhorda mas reajo, tenho tido meus maus momentos Mas reajo. Digam-lhe que continuo aquele modesto lutador Porém batata. Que estou perfeitamente esclarecido E é bem capaz de nos revermos na Europa. Digam-lhe, discretamente, Que isso seria uma alegria boa demais: que se ele Não mandar buscar Zorinha e Roberto antes, que certamente Os levaremos conosco, que quero muito Vê-lo em Paris, em Roma, em Bucareste. Digam, oh digam A meu amigo Rubem Braga que é pena estar chovendo aqui Neste dia tão cheio de memórias. Mas Que beberemos à sua saúde, e ele há de estar entre nós O bravo Capitão Braga, seguramente o maior cronista do Brasil Grave em seu gorro de campanha, suas sobrancelhas e seu bigode circunflexos Terno em seus olhos de pescador de fundo Feroz em seu focinho de lobo solitário Delicado em suas mãos e no seu modo de falar ao telefone E brindaremos à sua figura, à sua poesia única, à sua revolta, e ao seu cavalheirismo Para que lá, entre as velhas paredes renascentes e os doces montes cônicos de feno Lá onde a cobra está fumando o seu moderado cigarro brasileiro Ele seja feliz também, e forte, e se lembre com saudades Do Rio, de nós todos e ai! de mim. Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim, ES, 1913 - Rio de Janeiro, RJ, 1990) foi jornalista e escritor. Clarice Lispector certa vez o definiu como "o inventor da crônica", gênero no qual ele foi um mestre absoluto. Seu primeiro livro, O Conde e o Passarinho, foi publicado em 1936. Como jornalista, exerceu as funções de repórter, redator, editorialista e cronista em jornais e revistas do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, quando escreveu o livro Com a FEB na Itália (1945). Fundou com Fernando Sabino e Otto Lara Resende, em 1968, a célebre editora Sabiá. Grande amigo de Vinicius de Moraes, Rubem Braga escreveu a orelha da primeira edição de sua Antologia poética (Rio de Janeiro: A Noite, 1954).* *O texto de R. B. encontra-se integralmente transcrito na nota da Antologia.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

A ....Astancia Ancoura CE

ROSANA ">
Pegou-me de cheio homem As bandas de tuas mãos, como se fora pedaço de troço viscoso, ardente e de cheiro de medos, coisa grande maior que a palma de teus olhos, Pensos, pendidos que não sabem, nem decidem. Pra quê? Penduro-me teso nos teus algodoais escondidos Mas vejo-os tecidos como linho, cambraia que me envolvem Vinhas tu com os panos de peixes antigos, cheiros de sargaços, garoupas robustas, cavalas olhudas rasgando e tecendo Tecidos de pedra, tramado com forças de mares. Olhei teu olhos homem roubalo como se tu fora argola, Dístico antigo de navios, caravelas afoitas, e de casco lodoso De minhas mãos nasciam facas, viscosas, punhais de brilho Afiadas por tua língua a cerzir meu corpo. Eu te desejo homem caravela, água viva que me salva deste lodo não iodado. Quero tuas mãos como angu em fome de de noites longas. Eu te amo homem, que não chefia minhas angústias, mas me das outras E te-las é viver um bardo de violas cantando fados E finco-em aos teu olhos- bocas de abalo Como touceira nova, dirigida pelo teus sois. Eu te amo homem, pelo que de nada em nada se tece o vento o ar E por acaso respiro um ....troço amoitado acoitado.

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Corpo Antero Lara BA

A lucidez é um corpo paralítico: Muitos sentidos Nenhuma saída.

Fios Antero Lara Ba

Sondas, fios, agulhas A carne – esgarçada Nos humores, purgação Dissabores remoídos Migalhas...resíduos...

Nada Antevo Lara BA

No retrato antigo Olhos refratam a dor Da alegria eterna

Haikai de amor perdido- Antevo Lara BA

Mesa posta para o jantar: Duas cadeiras, Um prato só. Antonio Laranjeira

Astancia Ancoura CE

Atira.. atira.. não podes, és indeciso? Não, não és. Ja atirastes. Cai sobre ti e teus ventos e marés que me cobrem e ja me cobriram como cachorra agora sou bicho morto, Mas meus olhos são de peixe nao fecham

Neu Astancia Neuco PB

Esse copo, essa tarja, esse pano Esse esse, Eu não ouvi o teu olho nao sei... ...disse o pano vôte, que isso ou me pega ou me larga, ao menos se limpa neu..

terça-feira, outubro 23, 2012

LUIZ RUFFATO por Antonio MIranda

O RIO APASCENTA A NOITE (segunda versão) à noite o rio/ se torna de vidro/. como uma serpente/ digere a escuridão/ e não mais se move/ e o barulho que se ouve/ é apenas o eco do bater/ de suas águas/ nas pedras/ o dia inteiro/ e o som não consegue se desvencilhar/ da barreira formada pelas árvores e touceiras de capim/ de suas margens/ mas mesmo tendo certeza de sua paralisia vitral/ ouvimos o som monótono/ e ao mesmo tempo fluídico/ que se labirinta pelos nossos ouvidos/ e nos faz parte dele./ a noite torna-se morta/ passo/ a / passo/ a cidade se esvai pelos poros/ das janelas e portas das casas ribeirinhas/ a noite agoniza/ perde sangue/ assassinada pelo punhal da lua amarelo- laranja que se descortina por detrás das/ nuvens deixando-nos apenas antevê-las/ adivinhá-la encapuçada./ neste rio lanço/ a pedra fundamental de minha sepultura.

segunda-feira, outubro 15, 2012

quarta-feira, outubro 10, 2012

No oitao de tuas mãos de uma feita Dei de garra de tuas parecenças E aparei os anuvio de meus olhos.

PauloVas PB

Capinei teus caldos E escorreguei em teus bangalôs prateados As dálias floriram Os pratos perderam serventia

Anco Aspeda PB

TE DAREI O SONO PARA QUE NELE CRESÇAM TEUS SONHOS E AS RAMAGENS TEÇAM UM VERDE QUE ATARÁ A TI E A MIM

terça-feira, abril 03, 2012

A BAIA DE TEUS OLHOS - Paulo Tave PB
























Para Amália Vas

Na baia de teus olhos
cercam-se escamas e fecham-se todas as bordas
O tempo da vida secou tua água
Uma crosta palpebra diz que é fim
Resta a baia amortalhada , sem peixes e crustáceos sem som

terça-feira, março 13, 2012

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Tristão...e a vida em morte .. Eros Tauro SP





“Terei me tornado outro? A mim mesmo estranho ? De mim mesmo evadido?...”Nietzsche,2005)










Agora eu sou um negócio!!!!!!!!!
Destroçou-se a minha consciência,meu cérebro, entrei em pedido de vida e deram-me a morte, que ja se avizinhava em vida, na hospitalidade do perverso médico.
Retirou-se de mim a pança da vida, meu alfabeto de dizer, meu ouvido de plainar meus olhos de esculpir e me deixaram esponja a revelar sobejos.
Sou couro cortado de técnicas, curtido de água morta e espoliada.
Agora não sou mãos, sou eles e fico como um prego no escuro, dilaceram- me para escanear a possibilidade de ganho.
Sou um NÃO e estando, mesmo não sendo, deixam-me fisgar por olhos , que não mais tenho. Sou simulacro de existir.
Sou um desprezo, como uma pomba tombada agônica, mas permanecem as outras a me beliscar na cabeça, tronco e restos em rituais técnicos não de vida/morte das palomitas.
Vou, tendo ido, mas exclamam, os abutres brancos, anjos em culto satânicos , sobre meus espasmos que não muscula, senão por ejetos que me solapam.
Sou um boneco inflado por lâminas incendiadas , assim não me reflito mais em espelhos, eles são espelhos e me dizem meu nome de um eros criado para uma nova politização de vida em tanatos.
Agora, sou um negócio, no branco da política da morte na faca do capital, um prometeu sem correntes, sem direito a órgãos, sou um azedo branco, para um clinicar de uma vida dizimada mas com a terapêutica perversa de sandices de sapo dissecado e de cuidados do além lucro.
Sou a morte politizada na safona esqualidada do fole do lucro, que toca marchinhas de escarnio e promiscuidade ética.
Sou a vida deles,pelo meu avesso, sem a dignidade de estar não mais aqui, senhores juízes médicos da vida e ora da morte deixem-me ir a vida também é morte.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

S\ TÍTULO SELMA VASCONCELOS


















Sem título



Os olhos cegos de um olhar cego
como a noite vária , parece que vejo
ou estou cega?
Vi Uns olhos vivos, aonde?
Nada significa nada
ou tudo nada significa
Porque vi os olhos vivos e as pupilas
cegas?
Aonde está o olho vivo? Por onde se arrastou o sangue que
inundou de vida o nada?
Estamos nus!

Recife,15 de Fevereiro de 2012

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Cato vento

Outro dia encontrei um poeta,famoso,dizem,
Perguntei:o o que é ser poeta?
Disse-me ele:nada!
Sou,sou um homem que cata ventos,no tempo, quando o sinto ,as vezes
Nem sou homem e pra que saber?
Pegue seu caminho e tome você a pergunta e beba,
Tudo é gago, até isto, você por exemplo
Vá se curar, ando a procura de palavras para abafa- las
....num sei porque tou aqui,
Você sabe?

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Os dentes do rei - Orlanda Pavento - Riacho das pontes SP

















Converso com o rei
e sei de suas maldades,
reviro suas mãos de lata e corto seus pés.
Sou rainha de Tuvera
e de montes longícuos de sabugueiros doce,
como sedas e visto-me de pedra.
Eu tenho palavras , o rei tem dentes de lata e gengiva de tripas
Eu ouço o rei, mas nao o escuto....
O rei tem musgo na guela e assoletra o poder, so poder de latas

DANIEL LIMA























Daniel é um capeta, um mágico,um fermentador de palavras, um bruxo silábico,um garçon dos verbos, das aberrações, da narração, do insuportável e que dá-me inveja,com esse simples poético que volteia o mundo dos homens dizendo-os , desdizendo-os , tecendo-os em filigranas mansamente e numa plenitude de jeito plumático de saber o que nao se sabe,mas se balbucia, isso é o poeta, da creolina e da vida, dos janeiros, fevereiros e marços.
Bendito tu e tua amiga Luzilá, bendito e louvado são teus poemas.


.....

Minha alma é periódica
funciona algum vezes na semana
e é palúdica, tem febre
ás quintas-feiras.


Tenho também um corpo que coitado,
a hospeda por dever, mas constrangido.

Alma de fluido feita e de bagaço
e doses de paixões malresolvidas
e orgulho e frustações,
o diabo a quatro.
.....

POEMA SECO AMENO DISTO

O POEMA VEIO A SECO, COO SECA É A VIDA,
COMO SECA SÃO AS PEDRAS,
O POEMA VEIO POR DESCULPA ESFARRAPADA E QUE AS PALAVRAS DESENTOPEM O QUE JÁ É VAZIO.
A PALAVRA É O MODO DE FOCINHAR A VIDA E GRITÁ-LA COMO SE ASSIM ARDESSE MENOS
A PALAVRA É ENTULHO TORPE QUE CELEBRA O QUE NÃO TEM RITO,
O QUE DIGO É UM DESDIZER COMO CUSPIR PARA DENTRO, NAO REVERBERA
POEMAR É NADA DIZER DIZENDO O QUE É INACESSÍVEL

sábado, janeiro 28, 2012

A Amalia Gravaisol - Intelio Silva

















Precisas dormir para que nada do nada aconteça.
Precisas, repousar e sair da janela,
para que teus olhos aconteçam breve e finalize, não o tempo,este não existe,mais sonolentastes.
A lagarta passou, mas teu pé preso ao piso não deixou que visses mas gravastes na tela este retrato teu.
A gula termina, nas porcelanas, salas amplas,como nos gravatás simples,amontoados de objetos curtos quentes e frios;
Tens a tua gula,ora quieta, leva-a se é possivel, se isso for tua garantia,
agora não, não mais garantia, leva, e não leves por tua boca espoucada,isto provastes por contradito mas fica
uma torneria aberta,um pincel não mais acedado,papeis,tesouras,agulhas,linhas e a gata ausente;
Leva-a tua sede,ironia, para que não afogues mais teus olhos suaves que não vias.
A lagartixa passou e não vistes, mas era de manso,como fostes em noites de despedida dizendo teu perdão tarde da noite a outro poeta voando;
Um grilho caiu sobre tua testa e ficastes seca,
mas cantastes os hinos das tintas , porcelanas, tecidos,
almofadas, almofadando o abandono, que insistias em ter
para voltar como se possível fosse.
Nã olhes para atrás, para quê?
O espaço tu provaste em sabor e ira de bondade, sim,na praça,no baile e no paço do poder.
Tecestes casas,grandes, pequenas,mas largas como teu tear e mesmo assim tomaste uma almofada, a pousada um outro almofadamento tecendo o intecivel: a flor, o taxi, o cheiro do bar, da tripa, do mercado e de mandamentos ocultos;
Secaram e nada ficou senão o que olhastes e reverberastes na paisagem que não enxergavas, mesmo com tanto mar,
e não bastou o verso da montanha fria de áureas, aureolas e a invenção do amor.
Não levas nada, para que seja mais suave o nada.
É preciso, como o dia a dia, abrir outra janela e quem sabe ouvirás,
o chiado de ... gás,licor, perfumes,cadelas,mouros e portugueses,
lembra-te Amalia?
Assim vais, e indo, devagar vais sem fado, mas com a certeza das flâmulas, de vinte e um e de pão,
barrigas, peito e... um detalhe... na risa que destes e que ora espouca muda e absurda.
Vais,precisas dormir para que nada do nada aconteça e assim não adoeças a tempo de chegar aonde não revelastes, mas quem sabe tenhas um encontro marcado e que não revelastes a ninguém.
A morte também é poesia, mas não criaste sola, e este poema morte não é abrupto e nem fatal, é sim fatal e estrangeiro estar, entre, mas sem janelas e folego.
Precisas de nada, estas pronta teu poema inédito lerás, já , já..

sábado, janeiro 07, 2012

JOMAR M SOUTO. PB

Por A.Miranda
 

JOMAR MORAIS SOUTO 
 
 
Nasceu em Santa Luzia do Sabugi, Paraíba, em 1935. Em 1961 ganha o Prêmio Augusto dos Anjos com os poemas de Pedra de Espera. Em 1962 escreve Itinerário Lírico da Cidade de João Pessoa, que já alcançou quatro edições. Em 1980 é publicado pela editora da Universidade Federal da Paraíba seu livro Fazenda de Murmúrios (poemas). Em 1985 ganha um prêmio nacional de poesia no concurso Quarto Centenário da Paraíba com o "Canto da Capitania Real de Nossa Senhora das Neves". Data, igualmente desse ano, o aparecimento em São Paulo do livro Poetas Contemporâneos "antologiados" por Henrique L. Alves, uma publicação de Roswitha Kempf Editores, volume no qual figura ao lado de eminentes poetas brasileiros, como João Cabral de Melo Neto, Carlos Nejar, Thiago de Melo Neto, Mauro Mota e outros. Em 1986, a Universidade de Brasília edita o livro País de São Saruê, com todo o roteiro cinematográfico de Vladimir Carvalho e os versos de Jomar Morais Souto, considerações da crítica que vão desde Jean Claude Bernadet a Ariano Suassuna, José Nêumanne Pinto, Ruy Guerra, Glauber Rocha, Silvie Pierre, esta do Cahiers du Cinéma, de Paris, Anne Head, do Observer de Londres, Leonard Greenwood, do Los Angeles Times. Em 1994 alguns poemas de Jomar aparecem na antologia Nordestinos, editada pela Editorial Fragmentos de Lisboa. Recentemente lançou o livro AGRARIANAS e outros poemas escolhidos, pela Ars Poetica.

Fonte:  www.pravoce.tv/jegppjom.htm
 
 
ELEGIA PARA OS SAPATOS AO SOL
 
                            I
 
Molhados. Estão molhados.
Deixo-os, pois, secar ao sol,
São sapatos fazem jus
a um canto dentro da luz
derramada pelo sol.
 
Eles são sapatos, hoje.
Mas, ontem, foram bois mansos.
Tiveram amplos currais
e pastagens e arrebol.
Antes, levavam os carros.
Levam, hoje, os pés dos homens
da sombra triste para o sol.
 
Eles são sapatos, hoje.
Mas, ontem, foram bois mansos.
E escutaram os tristes cantos
dos vaqueiros pelos campos
cantando de sol a sol
 
 
                            II
 
Só  depois dos estilhaços
e dos seixos dos caminhos,
viram-se em frente da morte,
no matadouro, sozinhos
 
E o sangue que antes jorrava
só na ponta do ferrão,
desceu ao ventre da terra
em rubras poças, no chão.
 
Tiveram o couro suspenso
na noite de algum curtume,
entre as carícias do vento
e os beijos de um vaga-lume.
(Eram, antes, bois de carro
- um par autêntico e manso.
Mereciam, pois, na morte,
um momento de descanso).
 
                            III
 
Eles são sapatos, hoje.
Mas, ontem, foram bois mansos.
Muito antes do curtume,
do operário e do formol,
e dos rastros nas areias
caminhos de algum farol.
 
Por isso eu abro a janela
e deixo-os secar ao sol.
 
- Um minuto de silêncio!
Não ria nem chore, pois
esses, hoje, assim, sapatos,
um dia já foram bois.
Perderam somente o sexo.
Continuam sendo dois.
 
 
FESTA NORDESTINA
 
As mesas estavam postas
no meio da rua,
e as brasas dispostas
na pedra nua.
 
Eram as camponesas,
na tarde sua,
límpidas tristezas
no meio da rua.
 
E eu me lembro de que havia
ainda
um fogareiro aceso.
Sobre o trempe u’a mão tremia,
assando milho, com medo.
As mesas estavam postas
no meio da rua.
 
 
SONETO PARA UMA NOIVA
 
De casca de laranja os amarelos
tingindo o seu vestido e escondendo-a
no laranjal distante. Paralelos
os passos vão nos sumos. Uma amêndoa
não, duas amêndoas, sim, seus olhos belos
movendo-se nos longes, ou movendo-os
no verso as minhas mãos que apenas tê-los
quisessem por amparo, incandescendo-os
no frio de uma tarde, quando a chuva
nem me deixasse vê-la inalcançada
(quase perdido o vulto na paisagem
real) sem sombrear mais minha dúvida
de amêndoas, de olhos, nem de nada,
nem mesmo de outro fruto na folhagem. 
 
 
SONETO SÓ PARA A SEGUNDA PESSOA
 
A de ti de quem não sabe a dor do vento
ninando a tarde verde no aqueduto.
A ti que mais amar na noite intento,
tangendo este silêncio em ti escuto
insto que em tí, por nós, no mesmo acento,
liberto e rendo, só por ter-te em tudo
de onde tirar, na flor em que te invento,
essa outra flor do amor que te disputo.
 
Não só por flutuares, ou que mais
longe um do outro, não nos fiquem bens.
Mas é porque sabendo que te vais,
 
Eu sei, também, do verde em que te vens
ungida e alegre para nunca mais
arderes, só, no adeus em que me tens. 
 
 
 
Página publicada em junho de 2010
 

quinta-feira, janeiro 05, 2012

A MORTAIA - TUENI TEBOSA- CAICO PB

Sinhora milagrosa qui nos faze fe , dai nos a fe e aprovidencia a quem quer, dainos carin e meuce abencoai senhor a nossa dor.
La,la ré, subrime ré, a poesia é tindole de nossa madri sé.
Ai cuma eu canto rim, antes de ser veia ate qui cantava, nas missa de pade Toin, hoje indi ate as guelas ingiaram,deus me le,é triste ser veia,pior qui maracujá.
Mai fazer de um que, nada, aceitar e pidi a viugi uma boa hora, recramar pra que?Mai qui a gente recrama, recrama.
Mãe, oh mãe, maeeeeeeeeeeeee
O qui é menina, tai morrendo é?
Eu nao, tu ta falando so é?
Tô pruque, arguem gosta de cunvelsar com vei, so as estauta dos santos assim mermo num aresposta.
Oxi, eu cunvelso ca senhora,
Cuando tu queize dinhero mode dançar, sai pra lá, ti cunheço trepeçá, derna tu de cu limpo, mai oia.
Os tempo muda, deus me live,vou cumprar um maniquin de Don Sara, um manequin vei modi vistir minha mortaia lindra, qui amandei afazer in Caruaru pro don Regina ai cumpru uma cabeça de santa aprego nu maniquin e pronto, ja fica toda ispixada a mortaia pronta pra o coipo vistir cuando morrer, so espero qui aouta num arroube e mi interri num lençou vei, quero beleza até na morti quin nem dona Carmi de Miranda, so nao os baton, bastião num quero, cara veia quin nens maracuja assu, fica assim mermo, quero um lenso na cara feito de trico, vou inte ja acumprar na feira, é mio trico ou aqueles furadin de renda?Vou apensar.
Mai qui quero quero e uma lavanda ingresa madi alambuzar no coipo e os choro das irma geme mode cantar chorar pru eu e junti das maos num quero rusaro quero o retrato do finado , aisim e pro riba da foti o teuço, munto cravo de defunti, buques e buques de riso de maria ou fror de , cuma é mermo o nome que fazia o cha mode sarampo, e as noiva usava, vigi me esquicime ah! fror de sabugueiro.
La lá ré subrime re poesia é tindole da nossa madre sé.
Viuginia anti de sair bota o louro pra dentro, vi, num te esqueci, e vigia as ropa do arame.
La, lá ré, subrime re a poesia é'tindole de nossa madi, sé.

SOLAMENTE UMA VEI, RENE CAJA PB

Macha pra dentro Carrin,tai vendo tua ferida ainda mole, agora tu vai e leva uma queda e magua ela,hum, num digo nada...solanamente uma vei,amei um dia.Vote tê fi é lasca, o trabaileira, dispoi num agradeci mode a mãe,toda mãe é puta mermo da de um tudo e despoi ,nada...dIzemm qui la distança es lo peti, eita don maisa essa era das minha.
Carrin, vem timbora, avexa, chega!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Vigi, preciso cumprar a massa made o cuscui de noite se nao este diabo num come, mai tou cuma priguiça, pera ai.
DON, don, o dondon chega ai mulêeeeeeeeeeee!
O Dondon!Dondon mule me acuda!
Vigi tai ei biita,pronde tu vai?
Oia tem massa de fuba,madi me imprestar, mode Carrin mule, este diabo socome isso a noite.
Vou ver zefa!
ele miorou mode a firida?
E esse capiroto para.
Oi vou ve o qui tem visse.
ta , ei ispero aqui ta,....Solamente mui , solamente uma vei ,ameis uns diaaaaaaaas.solamente umas vei e nada mai...
Visse Naldo?
Nãoooooooooo
Solamente uma vei,amei um dia, solamente ma vei e foi fatá!
Espi mule so tem esse tanti!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não mule da, menha te devorvo, , vou in Don Color pa cumprar xaique e virnagre e inpruveito e compro fuba, ah e tombem colorau.
Tem pressa não nega,
Oia dispoi que carrin drumir vamos tumar umas?
Mai adondi, no bau de seu Vigi, la eu boto na carderneti
Munto bom pois to lisa qui nem bunda de santo, os criente de unha disapareceram mule, depois daquela puta abitar o salao alinhado.
Oxe mule e entre nois tem esse porem?
intão ta.,tu grita vi
Ta te grito aquimermo pruriba do muro.
Gracias muie,
Solamente uma vei...........chau

Roda Viva | José Saramago | 13/10/2003 para não esquecermos

um pensador, um alucinado,como todo grande escritor e que questiona o próprio instrumento que se vale para ser JOSÉ SARAMAGO.Um ensaista da ...