sexta-feira, outubro 25, 2019

RETRATO FALADO DO POETA -SELMA VASCONCELOS

Foto Divulgação - arquivo da autora

Selma Vasconcelos - arquivo da autora




UMA OBRA SE FAZ ATEMPORAL



O livro João Cabral de Melo Neto-Retrato falado do Poeta, da escritora Selma Vasconcelos, coincidentemente é lembrado ao vinte anos da morte do poeta. 

A obra Retrato Falado do Poeta, lançada em 2009, - Edições CEPE, Recife, PE, traz uma face do poeta através de depoimentos colhidos pela autora entre os amigos, intelectuais e familiares de Joao Cabral, e no final, as considerações da autora acerca do retrato que conseguiu desenhar e a torna uma expert na vida e obra do pernambucano. 

A obra está dividida em três capítulos: o poeta por familiares e amigos-; o poeta por intelectuais contemporâneos ; o Poeta por ele mesmo; epílogo a morte da poesia.Entre os familiares há que se destacar a filha - Inez Cabral de Melo e a irmã do poeta Maria de Lourdes Cabral de Melo Neto ,residente em Recife.Entre os Intelectuais figuram Ledo Ivo, Antônio Carlos Seccchin, Armando Freitas filho, Ferreira Gullar e Antônio Cândido.
No terceiro capítulo a autora faz uma especie de critica genética do poeta pelos veios de sua história de vida; sai à cata de sua ancestralidade desde o século XVIII e expõe suas considerações como uma expert no tema. 

O que na verdade observo é que a obra busca desenhar a face do homem com suas peculiaridades além de tentar dissecar a construção de sua subjetividade expressa pelos laços familiares e experiências de vida. 


Chama-me atenção, e isto vejo como raridade, nos apontamentos que a autora nos mostra, um João Cabral pluri-epistêmcio quando destaca a habilidade antropológica dele em desenhar nós brasileiros e, sobretudo, o nordestino dentro de uma geografia ambiental da seca ao mangue, passando pelas regiões intermedias como a zona da mata pernambucana e finalmente a zona litorânea, onde o poeta construiu vários poemas acerca do mar numa lírica é de uma importância semiológica intensa. Aliás a terra , os tipo humanos e a seca o puxa para cenários poéticos enquanto  a questão aquática se sublinha no desenho dos rios e dos mares. Joao Cabral mostra poeticamente a conversa entre os rios e o mar e seus habitantes da liquidez aquática e os homens ribeirinhos. Mas o poeta é um tecelão da figura humana nos seus devaneios que são abrangentes como aqueles em que mira a Espanha e seus habitantes.


Tivemos uma pequena conversa com a autora em que a deixei a vontade para falar dando apenas o mote dos dez anos da Obra-João Cabral de Melo Neto Retrato falado. Aproveitei para inserir também que a menção a retrato, não deixa de denunciar de modo correto, o retrato, ou o campo visual tão presente na construção da lírica do poeta, diga-se de passagem , suas relações com os artistas plásticos e entre eles Miró,na Espanha , precisamente na Catalunha e Andaluzia onde o poeta viveu por doze anos.Inclusive a autora informa ter refeito o percurso do poeta naquelas cidades espanholas e por isso fala muito a vontade sobre as semelhanças entre o Capibaribe e o Gaudalquivir que atravessa Sevilha.



Diz a autora:” Falar da própria obra pode parecer fácil, mas não o é. Foi extensa a caminhada,viajei, fiz seus percursos no Brasil e fora do do pais,na Espanha ,para sentir a paisagem , as arenas de touros, as dançarinas de flamenco, figuras com as quais ele conviveu. Isto me auxiliou a entender o fato do poeta ter eleito a Espanha como segunda pátria afetiva . 

Importante, e uma visão pouco conhecida, pode-se observar a partir da fala dos familiares; apesar dos estereótipos criados em torno do homem João Cabral,a terra e a familia são sentimentos fortes e inseparáveis em sua memoria sentimental.¨

Quanto ao aniversário da obra Selma enfatiza o fato do livro ter dez anos de publicado, argumento desarrazoado, pois sua obra foi escrita através de depoimentos de contemporâneos do poeta, inclusive vários do escritores colaboradores faleceram recentemente como Antonio Cândido Ledo Ivo e Ferreira Gullar. Portanto ,esta é uma obra memorialista e atemporal.


-->

-->

sexta-feira, outubro 18, 2019

ALICIA ALONSO SU VUELO EN LA MUERTE VIVA



ALICIA SU VUELO ES NUESTRO VUELO CAMINAR A LA LIBERTAD,
PERO SU PERFUME DE VALOR Y PERSISTENCIA ESTARA CON NOSOTROS SIEMPRE. DESDE BRASIL PAULO VASCONCELOS
E NOSOSTRO A CA -DESDE BRASIL -QUE SOMOS TU E NUESTRA CUBA

sábado, outubro 12, 2019

João Cabral de Melo Neto- vinte anos da morte POR SERGIO C PINTO

LITERATURA
J. Cabral de M.Neto   (Recife, 9 de janeiro de 1920 — RJ, 9 de outubro de 1999) Foto por Bienal Pernambuco

Gravura de Joan Miró para o livro de João Cabral de Melo Neto Foto: Divulgação / Agência O GLOBO

   " Poema é coisa de ver,/ é coisa sobre um espaço,/ como se vê um Franz Weissman,/ como se ouve um quadro"
Quando um poeta fala do outro escorre algo a mais  ou a menos,quero dizer : por se saber que no ofício de poetar quão  difícil é tecer a conjunção dos signos,quão perigoso é querer traduzir o sentido,pensado para o verso-entenda-se aqui verso- a criação- ou para qualquer linguagem,è malabarismo criador,sim.Sergio Castro Pinto cumpriu o desafio em falar da ausência de João Cabral e adentrou nas tessituras estéticas  de Cabral-   suas incursões visuais/plásticas,como as que figuram com  as do espanhol Juan Miró.Ao mesmo tempo relatou-nos,como para muitos é sabido a ligação intersemiótica entre a estética Cabralina e do artista catalão..Os dois eram amigos, os dois ousaram dizer a forma, o visíve/invisívell e ou dizível/indizível.Cabral escreveu ou tentou dizer Miró.
Sergio  valeu-se deste adentramento visual de Cabral e assinalou algo que é muito cotejado inutilmente acerca do poeta ,e diz Castro Pinto: ¨Ouso afirmar que, embora a crítica o considere um antilírico por natureza, ele possui, contraditoriamente, uma das características primordiais do poeta lírico: é incapaz de se "outrar", como diria Vitor Manuel de Aguiar e Silva¨
Paulo Vasconcelos
Vamos ao texto do Sergio:

VINTE ANOS SEM E COM JOÃO CABRAL*
(Apontamentos)
Sérgio de Castro Pinto**
Sergio C.Pinto Paraíba Criativa

A poesia de João Cabral de Melo Neto é tributária dos artistas plásticos aos quais louvou em poemas quase todos de extração metalinguística, questionando não só a linguagem pictórica dos artistas como também a sua própria concepção da fenomenologia poética.
Com efeito, no ensaio sobre Jon Miró, ele não discorre apenas sobre os mecanismos de criação desse artista natural da Catalunha, mas também a propósito da elaboração dos poemas de sua própria lavra. Aliás, mais do que sobre Miró, esse ensaio trata a respeito do construto poético do autor pernambucano, do mesmo modo que, quando fala sobre a morte dos outros, fala sobre a sua própria morte. Aqui, vale registrar um episódio narrado pelo autor de "Educação pela pedra": "Levei-lhe (ao psicanalista espanhol López Ibor) o volume 'Duas águas' que ele leu e comentou dizendo: 'O que me impressiona é a sua obsessão pela morte'. Eu retorqui: A morte de que eu falo não é a rilkeana, é a morte social, do miserável na seca, no mangue, não é a minha. E ele disse-me uma coisa engraçada: 'Aí é que o senhor se engana: o senhor fala em morte social para exorcizar o seu medo da morte'", E concluiu João Cabral: "Realmente tenho muito medo da morte".
Julgando-se um poeta impessoal, antilírico por excelência, um poeta que escrevia a contrapelo, João Cabral cultivava uma poesia cujo solipsismo era atenuado, disfarçado, na medida em que, aparentemente falando sobre os outros, falava a respeito de si mesmo, Que o digam, no plano da linguagem, os poemas através dos quais dialoga com Cesário Verde, Graciiano Ramos, Quevedo, Francis Ponge, Valéry, Mondrian, Le Corbusier...
Inclusive, até mesmo no simples, prosaico, cotidiano gesto de catar feijão, Cabral estabelece um cotejo, uma analogia, com o seu modo de escrever. Também no desempenho de alguns toureiros na arena, ele encontra similitude com a sua arte poética: "(...) sim, eu vi Manoel Rodriguez,/ Monolete, o mais asceta,/ não só cultivar sua flor/ mas demonstrar aos poetas: // como domar a explosão/ com mão serena e contida./ sem deixar que se derrame/ a flor que traz escondida,// e como, então, trabalhá-la/ com mão certa, pouco e extrema: / sem perfumar sua flor,/ sem poetizar seu poema".
Ouso afirmar que, embora a crítica o considere um antilírico por natureza, ele possui, contraditoriamente, uma das características primordiais do poeta lírico: é incapaz de se "outrar", como diria Vitor Manuel de Aguiar e Silva.
Mas a prova maior da interferência do olhar, do visual, na sua dicção poética - não tivesse, ainda, o movimento Concretista se abeberado de sua poesia -, pode ser mensurada a partir daquele que muitos consideram o seu último poema, concebido quando já estava praticamente cego: "Pedem-me um poema, / um poema que seja inédito,/ poema é coisa que se faz vendo,/ como imaginar Picasso cego?// Um poema se faz vendo,/ um poema se faz para a vista,/ como fazer um poema ditado/ sem vê-lo inscrita?// Poema é composição,/ mesmo da coisa vivida,/ um poema é o que se arruma/ dentro da desarrumada vida.// Por exemplo, é como um rio,/ por exemplo o Capibaribe, / em suas margens domado/ para chegar ao Recife. // Onde com o Beberibe,/ o Tejipió, Jaboatão,/ para fazer o Atlântico,/ todos se juntam a mão. // Poema é coisa de ver,/ é coisa sobre um espaço,/ como se vê um Franz Weissman,/ como se ouve um quadro",



*Hoje, dia 09 de outubro, exatamente vinte anos da morte de João Cabral de Melo Neto


** 
Sergio C.Pinto
Poeta e professor de Literatura Brasileira UFPB, ora aposentado, com obras de poesia, além dos ensaios.Está presente em  antologias poéticas no Brasil e no exterior- e representa um dos  grandes poetas brasileiros.s Mora em João Pessoa (PB).

terça-feira, outubro 01, 2019

Poetas cearenses participam de encontro em Portugal


Bruno Paulino, Renato Pessoa, Mailson Furtado e Dércio Braúna: autores em trânsitoFotos: Tarcísio Filho/WG Fotos/Helene Santos/Thiago Gadelha

Não somos só o sul e sudeste no Brasil, este olhar reduzido é o estereótipo de um Brasil colonizado  pela mídia, olhemos o nordeste no seu todo e na sua literatura.
Matéria do Diario do Nordeste Fortaleza- Ce.

Bruno Paulino, Dércio Braúna, Mailson Furtado e Renato Pessoa romperão fronteiras do fazer artístico em evento na Universidade de Évora, nos dias 9 e 10 de outubro


A literatura é feita a partir do diálogo com o mundo e a vida. Tal premissa, alimentada pelo escritor, psicólogo, mestre e doutorando Francisco Welligton Barbosa Júnior, foi mola propulsora para que pudesse idealizar uma ação que conectasse escritos. Diminuísse as fronteiras, oportunizasse o contato
“A ideia de realizar o evento surgiu ao fim do último ano, a partir da união entre dois fatos: quando paramos e refletimos sobre o fenômeno atual em que literaturas vêm sendo produzidas e se destacando por parte de jovens autores, que fazem, de seus escritos, exercícios de resistência; e, junto a isso, a necessidade de pensar e discutir a arte para além de conservadorismos e olhares unidirecionais sobre a temática”, explica.
Assim nascia o I Encontro Interdisciplinar de Estudos sobre Literatura: Novos Olhares entre o Ceará e o Alentejo. Realizada nos dias 9 e 10 de outubro em Évora, Portugal, a empreitada buscará, ao longo dos dois dias, investir em mesas e conferências que contemplem temáticas sobre literatura, patrimônio cultural, arte, e relações com psicologia, filosofia, política, entre outros assuntos. Também haverá lançamentos de obras por parte dos autores convidados.
Falando neles, quatro poetas cearenses aportarão do outro lado do Atlântico para suscitar renovadas perspectivas sobre as produções locais. Bruno Paulino, Dércio Braúna, Mailson Furtado (por meio de conferência online) e Renato Pessoa nos representarão em abrangência de atividades, ao mesmo tempo que alavancarão nossas letras a um novo patamar.

ALCANCE

Conforme Welligton, a justificativa para convidar os autores está diretamente ligada ao fato de serem artistas que, quer seja no sertão, quer seja nas periferias da cidade grande, vêm contribuindo para o fazer literário da nova geração cearense, com olhares questionadores e relevantes no cenário em que escolheram atuar. “Cada um a seu modo tratam de um tema que nos é valioso: nossas identidades nos tempos de hoje”.
A opinião é compartilhada com Cristina Santos, professora do Departamento de Linguística e Literatura da Universidade de Évora. Ela, que desenvolve trabalho de investigação em literatura contemporânea – em especial poesia portuguesa e brasileira –  situa a necessidade de volvermos análises e mergulhos entre as duas nações. 
“As fronteiras geográficas são cada vez mais fáceis de superar e, no mundo atual, perante uma tão grande crise de valores e a evasão de populismos de várias ordens, a literatura e, neste caso específico, a poesia de poetas oriundos de lugares mais distantes dos grandes centros políticos e econômicos, terá muito a ganhar em ser divulgada e nos mostrar outros aspectos sobre o mundo hoje”.
LEIA MAIS EM-   http://bit.ly/2nWfgUg

Roda Viva | José Saramago | 13/10/2003 para não esquecermos

um pensador, um alucinado,como todo grande escritor e que questiona o próprio instrumento que se vale para ser JOSÉ SARAMAGO.Um ensaista da ...