quinta-feira, dezembro 08, 2011

Carlos Nejar


Aqui ficam as coisas


Aqui ficam as coisas.

Amar é a mais alta constelação.

Os sapatos sem dono
tripulando
na correnteza-espaço
em que deitamos.

As minhas mãos telhado
no teu rosto de pombas.

Os corpos
circulando
na varanda dos braços.

É a mais alta constelação.



***



Claridade


O barulho de existir:
um cão
dentro de mim.

Atravesso
como a um pátio
o barulho de existir.




***



I


Escrever a dor
sem revolver o fogo,
a envelhecida cinza.

O que pode o amor
com os dons aprisionados?

Escrever
a ferocidade das coisas.





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