sexta-feira, setembro 18, 2009

CARTA VIRTUAL para CECÍLIA MEIRELES


Saudades perdurantes no Romanceiro da Inconfidência. Revivendo  tempos muito mais sombrios. De quase assombrações. Fazendo de conta que poderíamos ter assistido juntos ao filme Entreatos do João Moreira Sales.
Para quem percebeu no labirinto dos entrelugares, todos os precipícios do Poder  estão nele, Entreatos, desvelados.  Naquelas viagens de jatinho, piadas e conversações:todos os nossos desesperos por vir. Acorda Glauber, elesenlouqueceram : esta mais nítida grafitagem, em O Coração do Cinema, co-autoria de Paulo Cunha Filho e Geneton Moraes Neto, poderia ser reescrita: eles NOS enloqueceram.
Uma presença visionária, ó Cecília,  quando você nos adverte no primeiro de seus Cânticos : "Nâo queiras ter Pátria".  Interrogo, talvez mais atormentado do que nossos "representantes"  no Poder. No imenso teatro dos pragmatismos da política em seus pactos inesgotáveis. Tornamo-nos bastardos de nossa Pátria. Ou decepcionados, segundo a elegância deleuzeana do Roberto Machado. Expatriados ou apátridas de um país tão fulgurante. Mas os urubus malandros da politicagem nem ao menos nos oferecem aspirinas para essa tremendona ressaca existencial. O cinema na contramão  das ancestrais perversões.
Seu, nosso Romanceiro também nos antecipava: - "Pois o amor não é doce, / pois o bem não é suave, / pois amanhã como ontem, / é amarga, a Liberdade".
Amargura, convergência de ressentimentos? De que modo reequilibrar "as distâncias que separam o registro histórico da invenção poética"?
Poderosos pragmáticos continuam fingindo nada saber e tudo esquecer.
Melhor seria relembrar, caríssima Cecília, seus versos límpidos:
"Ai, palavras, ai, palavras, / que estranha potência, a vossa! / Ai, palavras,
ai, palavras, / sois de vento, ides no vento, / no vento que não retorna, /
e, em tão rápida existência, / tudo se forma e transforma!"
Se tudo ainda pode transformar-se, apesar  das extremas deformações, receba um beijo transfiguraDOR
Jomard Muniz de Britto
Recife, maio 2006


Não vejo graça
Não vejo graça
Na fumaça
Que passa
Moderna e urbana
Escorrega-me a semana
Como casca de banana
Só vejo tédio
No meu prédio
Tamanho médio
E me entristeço
Não mereço
Seu apreço
Ai, uma hora
E não demora
Alço vôo e vou embora
Sergio Ross
 http://bit.ly/geiG1

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