sábado, janeiro 28, 2012

A Amalia Gravaisol - Intelio Silva

















Precisas dormir para que nada do nada aconteça.
Precisas, repousar e sair da janela,
para que teus olhos aconteçam breve e finalize, não o tempo,este não existe,mais sonolentastes.
A lagarta passou, mas teu pé preso ao piso não deixou que visses mas gravastes na tela este retrato teu.
A gula termina, nas porcelanas, salas amplas,como nos gravatás simples,amontoados de objetos curtos quentes e frios;
Tens a tua gula,ora quieta, leva-a se é possivel, se isso for tua garantia,
agora não, não mais garantia, leva, e não leves por tua boca espoucada,isto provastes por contradito mas fica
uma torneria aberta,um pincel não mais acedado,papeis,tesouras,agulhas,linhas e a gata ausente;
Leva-a tua sede,ironia, para que não afogues mais teus olhos suaves que não vias.
A lagartixa passou e não vistes, mas era de manso,como fostes em noites de despedida dizendo teu perdão tarde da noite a outro poeta voando;
Um grilho caiu sobre tua testa e ficastes seca,
mas cantastes os hinos das tintas , porcelanas, tecidos,
almofadas, almofadando o abandono, que insistias em ter
para voltar como se possível fosse.
Nã olhes para atrás, para quê?
O espaço tu provaste em sabor e ira de bondade, sim,na praça,no baile e no paço do poder.
Tecestes casas,grandes, pequenas,mas largas como teu tear e mesmo assim tomaste uma almofada, a pousada um outro almofadamento tecendo o intecivel: a flor, o taxi, o cheiro do bar, da tripa, do mercado e de mandamentos ocultos;
Secaram e nada ficou senão o que olhastes e reverberastes na paisagem que não enxergavas, mesmo com tanto mar,
e não bastou o verso da montanha fria de áureas, aureolas e a invenção do amor.
Não levas nada, para que seja mais suave o nada.
É preciso, como o dia a dia, abrir outra janela e quem sabe ouvirás,
o chiado de ... gás,licor, perfumes,cadelas,mouros e portugueses,
lembra-te Amalia?
Assim vais, e indo, devagar vais sem fado, mas com a certeza das flâmulas, de vinte e um e de pão,
barrigas, peito e... um detalhe... na risa que destes e que ora espouca muda e absurda.
Vais,precisas dormir para que nada do nada aconteça e assim não adoeças a tempo de chegar aonde não revelastes, mas quem sabe tenhas um encontro marcado e que não revelastes a ninguém.
A morte também é poesia, mas não criaste sola, e este poema morte não é abrupto e nem fatal, é sim fatal e estrangeiro estar, entre, mas sem janelas e folego.
Precisas de nada, estas pronta teu poema inédito lerás, já , já..

4 comentários:

irla disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
irla disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
irla disse...

Ô amália.. tudo é tão surpreendente e absurdo. esses versos são a sua tradução... neles nos vamos aninhar nosso amor por você agora.. e embalar esse afeto por noites e noites até que o dia enfim apareça..

Celia Galvao disse...

Triste, fiel e bela despedida. Palavras nuas e sábias. Beijo meu, Paulo.

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