quarta-feira, janeiro 06, 2010
ORLANDO TEJO
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/paraiba/orlando_tejo.html
Foto: www.enciclopedianordeste.com.br
[Campina Grande, PB 1935- ], poeta, ensaísta, jornalista, folclorista e professor, publicou Zé Limeira, poeta do absurdo (1980), colabora em revistas e jornais nordestinos.
Soneto Dos dedos que falam
Que importa que foguetes cruzem marte
E bombas de hidrogênio acabem tudo,
Se aos meus dedos, teus dedos de veludo
Ensinam que o amor é também arte?
Não desejo mais nada além de amar-te
E em êxtase viver, absorto e mudo,
Sorvendo da ternura o conteúdo
Que antes te buscava em toda parte!
Esses dedos que afago entre meus dedos,
Que acaricio a desvendar segredos
De amor nestes momentos que nos prendem,
Têm qualquer coisa que escraviza e doma,
Porque teus dedos falam num idioma
Que só mesmo meus dedos compreendem!
Conceição 63
Rua da conceição, sessenta e três
(a artéria tem o ar de um cais comprido)
aqui, anos sem fim tenho vivido
buscando a infância azul que se desfez.
Talvez seja isso um sonho, mas talvez
este meu velho abrigo tenha sido
da mesma argila minha construído,
porque é a mesma a nossa palidez!
Ele a mim se assemelha: é ermo e trist.
No jardim, no quintal, no chão, no teto
em tudo a mesma semelhança existe.
No tempo, entanto, aos céleres arrancos,
o seu telhado vai ficando preto
e os meus cabelos vão ficando brancos
Impasse
Se ficar onde estou não faço nada,
Se sair por aí corro perigo,
Se me calo minhalma é sufocada,
Se disser o que sei faço inimigo...
Se pensar vou trair a madrugada
E se sonho demais vem o castigo,
Se quiser subo até o fim de escada,
Mas precisa brigar, e eu não brigo!
Se cantar atropelo o contracanto,
Se não canto maltrato o coração,
Se me faço sofrer me desencanto,
Se reprimo o ideal perco a razão,
Se perder a razão, resta-me o pranto
E meu pranto não faz uma canção.
Extraído da revista POESIA SEMPRE, Número 29, Ano 15, 2008, edição Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
Página publicada em novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Roda Viva | José Saramago | 13/10/2003 para não esquecermos
um pensador, um alucinado,como todo grande escritor e que questiona o próprio instrumento que se vale para ser JOSÉ SARAMAGO.Um ensaista da ...
-
RETIRADO DE MODO DE USAR RENATO REZENDE LEIAM MAIS Lá http://bit.ly/4sEG54 Leónidas Lamborghini nasceu em Buenos Aires, em 1927. Seu ...
-
De mansinho ela entrou, a minha filha. A madrugada entrava como ela, mas não tão de mansinho. Os pés descalços, de ruído menor que o do meu ...
-
JUAN GELMAN (1930 - 2014) E ste poeta excepcional nació en Buenos Aires —en el histórico barrio de Villa Crespo— en 1930. Su primera ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário