
Arvoredo
Um galo sozinho não tece uma manhã
João Cabral de Melo Neto
Uma só árvore não desenha
a primavera
e o outono veste-se com incontáveis
folhas mortas
sozinha não abre a flor sem
a luz do sol
que aquece a pedra, o solo
e a raiz
o pardal devora o grão
e o semeia
sempre em companhia
de outros pardais
cantam em coro sabiás e sanhaçus
inhambus e juritis
voam em nuvens borboletas
gafanhotos
orquestra-se dessa forma tudo
que é imóvel
e ainda o inanimado e
o semovente
é assim com a flor, a flora
na floresta
assim é com toda a fauna
a humana até
trilhões de seres a viver
e reviver
trilhões de árvores a florir
frutificar
que uma só árvore não desenha
a primavera
e o outono veste-se com incontáveis
folhas mortas
RETIRADO DE http://www.interpoetica.com/pedro_americo_de_farias.htm
Fonte:
Picardia
Edições Língua de Poeta
1994
Cordel: ALICE NOS SERTÕES DO EX-CANGAÇO
Edições Língua de Poeta
Recife 2004
Nenhum comentário:
Postar um comentário