segunda-feira, outubro 19, 2009

ALEXANDRE ACAMPORA RJ


Escritor, jornalista, poeta, cinco livros editados entre poesia, crônicas, paradidáticos e contos. Exerceu a Secretaria de Cultura da cidade de Palmas no Tocantins e já realizou tantas e tontas coisas que só quem bem o conhece pode testemunhar.

Morgana

Zuava zuave em meus sentidos a melodia zum...zum...zum..
Parecia me provocar a um bailado, a uma dança de olhos fechados
Me transportava para um bar de poucas luzes
Nevoado de fumaça de cigarros.
Zum zum zum sonava leve e sincopada como um tango romântico.

Muitos zuns já foram reconhecidos como zumzumzum, balbúdia, confusão.
Outros foram interpretados como velocidade, rapidez.
Zuns há ainda, que representam barulhos de turbinas ou foguetes.

Esses eram outros zuns.
A suavidade de sua vibração
A melodia delimitada milimétricamente
A linguagem universal da música.
Serão as musas? Será a musa?
Zum..zum...zum...replicava
E me fazia bailar nas calçadas de olhos fechados
Com a consciência naquele bar de poucas luzes
Eu já dançava pelas avenidas repetindo as elipses melódicas do zum...zum...zum
Que me trazia o hálito lúbrico de uma mulher agarrada a meu corpo
Conduzindo o bailado com olhos fixos em meus olhos.
Olhos vítreos.
Sem piscar.
Dançávamos como colados os corpos, siaméticos
A dança era suave, leve como um tango romântico
Atrevido em viravoltas e rodopios súbitos.
A fumaça dos cigarros envolvia meus olhos
E a silhueta da mulher permanecia na penumbra nos fundos do bar.
Esmaecida.
Seu vestido justo modulava as curvas do corpo como as curvas helicoidais que a fumaça produzia.
Zum...zum...zum ao fundo...
Zum...zum...zum era a trilha sonora de minhas profundezas.
A mulher beija com forte lingua minha boca
E assim pesca meu espirito e me levanta ao sincopado bailar.
Zum...zum...zum.....
Dançamos de linguas encaramboladas
E corpos soltos
Para logo depois
Um salamaleque nos envolver pela cintura num abraço forte sensual decidido, decisivo.
E zum...zum...zum a música continuava.
Zum...zum...zum a música permanece
Pour la eternité.

Alexandre Acampora

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