domingo, outubro 11, 2009

DIONE BARRETO


Natural de Campina Grande, Dione Barreto nasceu em 1955 e reside no Recife desde 1977. Participou ativamente das Edições Pirata e de vários movimentos culturais e de divulgação da poesia pelo meio alternativo. Fez sua primeira exposição de pôster-poema no Recife, em 1983, sob o título Poesia, uma paixão que se expõe. Participou de antologias como Nova Literatura Brasileira (1983); Retratos: a poesia feminina contemporânea em Pernambuco ( 2004). É psicóloga e foi editora do jornal alternativo Contágil.

Livros: Círculo vazio (1973), Feitiço do silêncio (1984), Do amor e suas perversidades (1990), Desiguais (1995)
AO SOM DA ALMA TRISTE *
amou três vezes na noite de cansaços
e era como não tivesse amado

:o homem de chamas tinha o nome da partida

não era o homem que doía a ausência
era a certeza de ter morrido
da certeza que não era a morte

amou três vezes ao som da alma triste



COTIDIANO *

antes do café
o mundo é um corpo sem raciocínio

depois do café
de obrigações é o mundo

mais tarde
quando anoitecem todos os motivos
o poema acorda
e é triste

as palavras não salvam a melancolia do mundo



teu aniversário

para amândio silva

sempre quis fazer-te umas palavras nesta data
mas não palavra apenas, jogada ao vento.

talvez poema
desses que plantasse o homem que és
e que a minha alma habita.

um telegrama, então.
mas telegrama é notícia
não é palavra que arde.

a não ser que construísse uma canoa
e remasse
para onde os telegramas estão chamando.
mas uma canoa não atravessa o mar,
só o poema de drummond.

não posso dar-te um presente
embrulhado em papel colorido.
não posso.
por causa do mar que me quer longe de ti
e por uma incapacidade de juntar coisa e sentimento

- presente buscado em loja não serve para ti

ouso dar-te o que distância alguma
ou sequer o gesto permite significar
pois que a distância
qualquer
é reencontrar-se

o meu presente é o que sinto
palavra que atravessa o oceano.

http://www.interpoetica.com/dione_barreto.htm

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